“Agora
não”. Com que frequência você ouve essa frase? E quantas vezes por dia você a
diz? Essa é a característica principal da atualidade: o egocentrismo. Culpa-se
a falta de tempo, o que é apenas um reflexo da impaciência – algo que as
pessoas deixaram de lado e não se preocupam em melhorar já faz algum tempo. A negação a um
favor ou um pedido, seja o mais simples, se torna mais fácil e viável do
que reservar um tempo para outras atividades ou afazeres que façam você se
desprender da rotina. Então, até aqui, é possível concluir que a culpa é nossa
– mas apenas em partes.
As
modificações tecnológicas influenciaram não apenas no avanço, mas nas
prioridades humanas – há mais meios para obter melhores resultados, logo, a exigência cresce proporcionalmente. Como consequência, a realização pessoal se tornou fator decisivo para
alcançar bons resultados, e, em um mundo competitivo – de maneira não saudável –
essa realização exige mais do que dedicação; exige abdicar. Pais que abdicam de
passar tempo com a família para adiantar trabalhos que levam para casa; mães
que se esforçam para serem a melhor que podem e acabam se deixando de lado, se
entregando para todos os tipos de exaustões e doenças psicológicas; filhos que
são influenciados pelos pais a estudar e buscar ser alguém que faça diferença,
que desde o momento em que entram na escola são colocados em cinco ou seis
atividades para desenvolver mais de uma habilidade – e acabam esquecendo, ou nem mesmo aprendendo a essência do que é ser criança. Garotas que buscam a
independência o quanto antes, loucas para se aventurar em um mundo governado
por si antes mesmo de aprender como fazê-lo; rapazes que conquistam o máximo
que podem para, primeiro, aproveitar tudo e exibir suas conquistas.
Casamentos
se tornaram apostas no que se refere a durabilidade. Traições já não são mais
um problema, desestrutura familiar deixou de ser algo assustador. Famílias
perdem a essência da união, dos almoços de domingo, dos almoços nos dias de
semana, das conversas abertas. Foram construídos muros que parecem já vir com
cada pessoa, e, ao se unirem, invés de destruí-los, acabam juntando-os. Vivem
juntos, mas pensam e sentem separados. A realidade é que, a partir do momento
em que o ser humano se viu livre para fazer suas escolhas, ao mesmo tempo
percebeu que essa liberdade lhes dava opções diferentes, mas todas iam para o
mesmo caminho.
As
evoluções continuarão acontecendo e as pessoas precisam aprender a viver com
elas e não para elas – é preciso que não se deixam mais dominar. Seres humanos precisam reviver sua humanidade e sua
essência. Precisa aprender a se compreender antes de esperar que alguém os
compreenda, ou que algum remédio os torne pessoas mais felizes. Dependências
precisam ser deixadas de lado para que descobertas mais importantes possam ser
feitas. A partir do momento onde o dinheiro compra paz, sono, 'saúde' ou satisfação, já não há mais um sentimento ou motivo verdadeiro para se estar aqui. Ninguém trilha passos e faz buscas sem o
autoconhecimento. As amarras foram criadas pelas próprias vítimas, agora presas em suas dependência esdrúxulas e cegas para as necessidades do ser e sentir. Como você vai enxergar aquilo que precisa se coloca à sua
frente aquilo que apenas quer? A idealização do que se é precisa ser mais importante do que o convencimento daquilo que se quer ser. Não se deixe submergir por satisfações ilusórias, elas nunca suprirão o que você realmente precisa.
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