O Brasil precisava da Copa. Claro, precisa ainda de muitas outras coisas, como investimento em saúde, educação, segurança e infraestrutura. Mas precisava também desses jogos representados pela seleção brasileira. Até o dia nove de julho, onde tudo mudou de maneira drástica e em seguida irreversível, ninguém nega o que a nação havia se tornado até ali. Eram milhões de brasileiros revivendo a verdadeira emoção e o êxtase da torcida por uma conquista brasileira. Milhões de vozes gritaram embargadas de emoção e sorriram em meio a lágrimas de felicidade e orgulho.
Haviam erros tanto na escalação quanto no próprio espírito dos representantes brasileiros em campo - e isso é inegável. Foi uma derrota que doeu em cada patriota, mas, pior do que isso, massacrou seu único sonho de vitória. Porém, essa culpa não foi deles e sim de um sistema que reprime e aflige os mesmos milhões de brasileiros. Muito mais do que uma inspiração para a felicidade, cada jogo foi una escapatória da própria realidade, onde cada pessoa conseguiu se encontrar em um mundo mais forte e com mais chances de vencer.
O que realmente doeu não foi a perda do Hexa, e sim a perda daquela perseverança de que algo iria realmente dar certo. Que os problemas seriam sobrepostos pela comemoração da conquista de um troféu. Que haveria motivo de sobra para comemorar por mais algum tempo. O que doeu foi ver uma alegria - a única nutrida no momento - ser vencida. Doeu ter que deixar a torcida de lado para dar lugar à decepção e à tristeza que tomaram conta de cada um. Doeu ver a seleção sair de campo levando consigo uma esperança nutrida por milhares.
A perda do jogo foi culpa de quem estava em campo, mas essa angústia que revolta os brasileiros não. As fichas foram apostadas e, quando o jogo virou, sobrou apenas para aqueles que estavam ali sentirem o peso de uma revolta que misturava várias decepções - momentâneas e acumulativas.
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