segunda-feira, 16 de junho de 2014

Quando não se pode parar...

O mundo estava embaçado. Embaraçado. As pessoas estavam confusas, pareciam não saber nem ao menos quem eram ou porque estavam ali. As ruas estavam desertas e folhas dançavam a melodia que o vento trazia. Árvores que antes forneciam sombra e frescor, agora pareciam tristes, incapazes de manter sua folhagem viva. O ar estava pesado, tornando a gravidade quase insuportável. Mas aquilo nada mais era do que um reflexo dela - do que sentia, sobre o que pensava e como enxergava. 

O mundo estava normal. A gravidade continuava a mesma, as árvores permaneciam com a mesma vivacidade da qual ela se lembrava ter visto um dia. As ruas estavam repletas de crianças brincando e se divertindo, de casais passeando e de cachorros correndo e pulando. As pessoas não haviam mudado, e, ainda que todo e qualquer ser humano se perca vez ou outra durante seu trajeto pelo mundo, naquele momento em especial, sabiam exatamente aonde estavam e porque viviam.

Era apenas ela, refletindo suas emoções naquilo. Para se sentir melhor? Talvez. A infelicidade, quando compartilhada, se torna menos desagradável. Quem sabe, ela havia escolhido essa perspectiva para fugir um pouco de si e poder sentir que ainda havia um mundo para ela, apenas esperando para ser explorado. Talvez na próxima esquina, se ela tivesse a coragem necessária para chegar até lá e virar, descobrisse que fora apenas uma passagem ruim, mas logo a frente estava sua escapatória.

Permaneceu imóvel na beira da calçada, observando tudo o que sua mente criava e fazia acreditar ser real. Não se sabe até hoje o que a levou até aquele ponto, até aquela sensação. Aos poucos, ela foi caminhando. Para qual direção? Aquela que seu coração a guiasse. O que ela encontrou no caminho ou quem a encontrou durante esse tempo, não se sabe. Mas, depois que ela deu o primeiro passo, desprovida de lucidez, ela acabou encontrando sua sanidade. E continuou. Passo a passo, degrau a degrau, momento a momento. Tudo o que se sabia sobre ela, era que precisava redescobrir o sentido de algumas coisas. As quais é impossível viver desacreditando. E tudo o que ela sabia, era que precisava seguir em frente... sempre.

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