quarta-feira, 16 de abril de 2014

A raridade da constância

Não sabia como deveria seguir dali para frente, mal sabia que era apenas uma questão de começar a andar, seu caminho já estava traçado e a levaria adiante. Já havia passado por isso tantas e tantas vezes. Com os prós e contras que a vida lhe impôs, havia aprendido muito. Era uma garota que desprezava as coisas insensíveis - era de primordial importância que houvesse uma sensação, um desejo, um incentivo. Sua essência ansiava por novas descobertas, as imprescindíveis novas experiências que fariam parte de suas novas escolhas. A vida é uma constante mudança e a renovação sempre vai fazer parte da vida de qualquer e todo ser.

Seu estado de espírito era inconstante: hora apaixonada, hora rancorosa, hora encantada, hora desacreditada. Como todos nós somos, ela também era várias em uma só e a cada momento se transformava. Entretanto, diferente das almas que conhecemos, ela tinha uma vantagem: sabia se recompor cada vez mais forte, mas o principal era: sabia se manter quem era. Com as inevitáveis despedidas e os desejados encontros, ela ia ganhando forma, mas não se deixava levar pela tristeza de um adeus, ou pela empolgação de um olá. Como sabia, haviam poucas pessoas que a entendessem, porque na grande parte, basta uma despedida para modificar e reestruturar uma essência.

Nem todos são suscetíveis a dor sem obter disso trauma algum e poucos são os que sabem aproveitar a felicidade deixando um pouco guardado para depois. Alguns acham mais prudente desfrutá-la por completo, sem lembrar que, em algum momento, precisarão revivê-la e o encanto dela precisa e deve estar lá. Mas, como se supõe, ela era uma raridade do mundo, e era isso que procurava em cada esquina, em cada olhar e em cada encontro: uma raridade que soubesse com ela, desfrutar os anseios e devaneios constantes.


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